domingo, 4 de agosto de 2019

Reflexões sobre a cultura

Bom dia, leitores.
Não existe uma definição única que seja capaz de abranger a cultura com todos os seus significados, mas existe uma definição - considerada por muitos um tanto vaga - da qual eu gosto muito: cultura é tudo aquilo, que, graças à linguagem, passa de geração para geração. É a soma do conhecimento humano. Mais que isso: é a soma das sensibilidades, das identidades, das práticas e das representações. Além disso, ela não é só uma: ela é plural, múltipla e diversa. Como se não bastasse, ainda existem inúmeras formas de compreender a cultura, que diferem completamente da minha.
Durante muito tempo, a própria História abordava a cultura de maneira bastante limitada, tendo como enfoque a cultura intelectual, abordando exclusivamente manifestações literárias, tratados filosóficos, obras de arte… enfim, tudo aquilo classificável como “alta cultura” - entendendo a cultura como se ela fosse produzida por alguns, mas não por outros. O que acontece é que não havia a percepção da cultura como algo plural, como processo comunicativo. Ela era entendida e pensada somente a partir dos “bens culturais”, produzidos por uma classe economicamente dominante. 
Nos dias de hoje, a História Cultural compreende que a formação da cultura não se faz exclusivamente pela produção, mas também pela recepção. Cultura é produção, recepção, atividade, "passividade"... interlocução. E mais importante: a cultura passa também a ser Vista de Baixo, muito graças às contribuições de Edward Thompson com seu “History From Below”, que trouxe essa nova atitude, que abriu o horizonte para as produções historiográficas. 
Tudo isso, para finalmente concluirmos que a cultura é tudo aquilo que é fruto das práticas e representações, e como diz Le Goff: “o campo das representações engloba todas e quaisquer traduções mentais de uma realidade exterior percebida” (1985).

Arte rupestre na caverna Cueva de Las Manos, na Argentina